Modelagem espacial dinâmica dos determinantes sociais e ambientais da malária e simulação de cenários 2020 para município de Porto Velho – Rondônia (Jussara Rafael Angelo)
Em pleno século XXI a malária continua sendo uma das endemias de maior magnitude no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde, no ano de 2013 ocorreram 132 milhões de novos casos, concentrados em países periféricos, sobretudo, na África. No Brasil, a malária está concentrada na região Amazônica onde ocorrem 99% dos casos. A malária é uma doença que envolve diversas dimensões da realidade apresentando uma distribuição espacial heterogênea, definida de forma geral por diversas características e processos territoriais que estão envolvidos na produção desta endemia, tais como densidade vetorial, dinâmica demográfica, processo de ocupação, implantação de projetos econômicos de mineração e de energia, mudanças de uso e cobertura da terra e a capacidade dos serviços de saúde em controlar a doença. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi analisar os determinantes sociais e ambientais da malária no município de Porto Velho, no período 2010-2012 e elaborar um modelo espacial dinâmico para essa endemia. Para isto, foram utilizados dados do Sistema de Informação da Malária (SIVEP-Malária), dados do Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e dados ambientais de diferentes fontes. A relação entre o Índice Parasitário Anual (IPA) e as variáveis socioambientais foi estabelecida através do modelo de regressão espacial (Spatial Lag). Através da plataforma de modelagem de uso da terra, LuccME desenvolvida pelo CCST/INPE foi possível simular cenários de transmissão da malária para o ano 2020 segundo perspectivas diferentes. Foram elaborados três cenários: Cenário Otimista, Cenário Intermediário e Cenário pessimista, os quais foram definidos segundo a velocidade de redução do IPA no município e a intervenção dos serviços de saúde. Os resultados mostraram que o IPA vem apresentando redução no município de Porto Velho, bem como em todo o Estado de Rondônia. Entretanto, ainda assim se constitui em um grave problema de saúde pública pelo alto número de casos. A distribuição espacial do IPA mostrou maior risco nas proximidades da Usina Hidrelétrica de Jirau e no entorno da área urbana de Porto Velho. Em função da dimensão do território e das particularidades regionais às variáveis/indicadores relacionados ao IPA variaram segundo a região de saúde. O resultado dos cenários mostrou nas três simulações a permanência da malária na região da UHE de Jirau e na área periférica da área urbana de Porto Velho. O trabalho evidenciou processos socioespaciais importantes que tem contribuído tanto positivamente quanto negativamente na transmissão da malária, como a expansão do agronegócio, a expansão da indústria barrageira, o processo de urbanização e o aumento da mobilidade populacional, principalmente mobilidade pendular, relacionada ao trabalho e atividade de lazer na área rural.
Disponível em: http://mtc-m21b.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/mtc-m21b/2015/02.27.19.05/doc/publicacao.pdf