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Contribuição de fatores socioeconômicos, biofísicos e da agropecuária à degradação da cobertura vegetal como “proxy”da desertificação no Semiárido do Nordeste do Brasil (Francisco Gilney Silva Bezerra)

A desertificação é um problema de escala global que aflige, principalmente e diretamente, o desenvolvimento das regiões secas do planeta. No semiárido do Nordeste brasileiro, a exploração intensiva e abusiva dos recursos naturais, principalmente pela agropecuária, ao longo dos tempos, associada a características ambientais e climáticas particulares e aspectos socioeconômicos limitantes, atuam como facilitadores do desencadeamento do processo de degradação/desertificação. Neste sentido, acredita-se que o modelo de exploração dos recursos naturais por parte dos sistemas de produção, em especial da pecuária, desenvolvido no Semiárido do Nordeste do Brasil-SANEB pode ser considerado um fator preponderante para o aumento da suscetibilidade ao processo de degradação/desertificação. Assim, o objetivo desse trabalho é analisar a dinâmica da degradação vegetal nessa região como “proxy” de áreas com potencial para desertificação, visando entender a relação dessa dinâmica com diferentes fatores ambientais e socioeconômicos, por meio da combinação de dados de sensoriamento (composições de imagens multitemporais MODIS/TERRA do índice de vegetação EVI2 (Enhanced Vegetation Index 2), métodos quantitativos, em especial modelos de regressão multivariada e modelos dinâmicos espacialmente explícitos. O estudo identificou as áreas com cobertura vegetal degradada como “proxy” de áreas potencialmente em processo de degradação/desertificação (APD), classificadas em três categorias, segundo a dinâmica da mudança da cobertura: a) áreas que em 2000 foram classificados como “Áreas Não Potencialmente em Processo de Degradação/Desertificação (NAPD)” e passaram a ser consideradas APDs em 2010 (NAPD -APD); áreas que permaneceram como APDs em ambos os anos analisados (APD-APD); e c) áreas que migraram da categoria APD em 2000 para NAPD em 2010 (APD-NAPD). No período entre 2000 e 2010 houve um aumento de 23% (26.222,7 km²) de APDs. Este aumento ocorreu principalmente nos Estados do Ceará, Piauí e Bahia. A análise da mudança e de seus determinantes indicou que, no período analisado, os fatores instrumentos de planejamento e políticas públicas, estrutura agrária, ambientais e climáticos, tecnologia e utilização da terra são os mais importantes para a determinação das mudanças das APDs, sendo que aproximadamente 25% da variância total são explicados pelas variáveis percentual da área dos estabelecimentos agropecuários com 100 ha a mais, distância mínima aos núcleos de desertificação e efetivo total do rebanho caprino e ovino. Assim, os resultados confirmam a hipótese de que o modelo de exploração dos recursos naturais tradicionalmente desenvolvido no semiárido do Nordeste do Brasil, em especial a pecuária, pode ser considerado um fator decisivo para o aumento da suscetibilidade aos processos de degradação e desertificação na região. A modelagem estatística e espacialmente explicita corroborou para o estabelecimento e entendimento dos fatores determinantes da mudança no SANEB, permitindo testar as relações entre as variáveis e as áreas em processo de desertificação.

 

Disponível em: http://mtc-m21b.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/mtc-m21b/2016/05.11.23.36/doc/publicacao.pdf